SABORES!

segunda-feira, 15 de março de 2010

SABORES

O gosto da tua boca
Ainda trago comigo
Seus lábios carnudos
Estão presentes aqui
Sinto-os ainda em mim

O gosto do primeiro beijo
Na cancela da fazenda
Teus seios por sob a fazenda com renda
Tocavam em mim
Eu ardia em desejos.

Sai passeando pelo campo
Logo após aquele ato
Ia matutando coisas
Moça de fino trato

Mas tu eras tão linda
Que nunca te esqueci
Você morena sestrosa
Sorriso largo e prosa.

Encontraremos-nos ainda
Para rir de tal façanha
Somo ainda moços
Lembranças cheia de manhas.

Agora que em nossos rostos,
Os sinais do tempo formam o desenho da vida
Não importa.
Posso ainda.
Chamá-la querida.




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MADRUGADA

MADRUGADA

Duas horas da manhã
Escrevo estas poucas linhas
Para ti flor de maçã

São três horas da madrugada
Rabisco estas maltratadas linhas
Para ti flor de jabuticaba.

Quatro horas lá se vão
Componho estas loucas linhas
Para ti flor de algodão

Quase cinco de um novo amanhecer
O registro de nostálgicas linhas
Para ti flor do Ipê

O Sol nasce atrás da montanha
Anoto a cor dele numa linha
Para ti flor de romã

Um novo dia amanhece
Escrevo em pouquíssimas linhas
Esta pequena prece
Posso até não feliz,
Porém quem não faz não acontece.


22/05/2009

PENSADOR

PENSADOR


Levantei de manhãzinha e fui pra cozinha tomar meu café
Observando o vapor sobre a xícara e a fumaça que sai pela chaminé
Eu pensei em Newton, eu pensei em Einstein.
Não entendi como é que é...

Saí para o trabalho, sempre por um atalho.
Mas naquele dia tudo que eu via, estava de certa forma interligada.
As situações completas ou falhas do meu dia a dia
Filosofando em pensamentos mais eu parecia...,
Discípulo de Arquimedes, quando chora e ri.

Navegando em ondas magnéticas, não poéticas
Na minha frente surgia, a minha namorada, a amante amada.
Todas misturadas a fumaça que saia do café que antes eu bebia.

Como bebo e como a seiva que sai do peito delas,
Morenas, Brancas, Pardas, Negras ou Amarelas.
Neste triângulo louco, fui me perdendo aos poucos
Como Pitágoras em seus catetos e sua linda hipotenusa
Tinha uma que era minha musa, de saia e blusa,
Eu gostava e gosto de tudo que ela usa.

Chegando ao trabalho a realidade me fez voltar
Aos afazeres do meu dia a dia. Ai! Como eu temia
Outra teoria do meu sábio Marx
Quando ele dia dizia que o trabalho, dignifica o homem.
E o ócio consome toda sua mocidade.
Será que é verdade?

Se eu duvido, eu penso, e eu não existo em meus devaneios.
Assim como não entendo estas equações, que misturam.
Letras e números e aprofunda-se em minhas confusões
Mas seu Renée, por favor, “descartes” essa tal possibilidades
De morrer sem entender a tal probabilidade.

Meu patrão me chama e mais uma vez reclama,
Do meu trabalho em serie.

Por favor, seu Taylor, por favor, seu Ford,
Esqueça a tal Revolução Industrial, pense como Aristóteles.
Que uma ferramenta obedeça a nossa ordem dada,
E essa desalmada sina talvez me poupasse, de morrer tão moço.
Como eu gostaria de ver as Marias, de ver as Joaquinas,
Uma em cada esquina, mas sem esse clima de vender o corpo,
Fazendo pelo espírito sem maltratar a carne, e a alma.

Por favor, seu Freud, dê uma explicação,
Quanta confusão, nesta tal sexualidade!
Vejo tantas mocinhas, lindas não concubinas,
Uma em cada esquina,
Fazendo valer o corpo e matando a alma,
E acabando a vida

Com essa política louca, eu pago poucas, das contas que tenho.
Seu Platão me ajude, tenha uma idéia, que seja diferente.
Mostre aos nossos homens gerentes,
Detentores do poder, que altere o tal.
Não me deixe morrer,
Sem conhecer, uma nota de cem, sequer,
Pra ver como é que é, levantar bem cedo
E sem segredos, tomar meu café.

Depois de um dia de trabalho. ...

Já é noite e aqui estou ainda,
No serão, na extra, o dia não finda!
Senão na minha cesta vai faltar café.
Ai será o caos, nem fumaça de manha poderei observar.
Já estou pensando que ao chegar a casa, não vai ter jantar.
Apelo para seu Betinho, que não é, nem meu vizinho,
Mas vive a me ajudar.

Boa noite, senhores, sabes que não é tão tarde,
Mas amanha bem cedo, tenho que trabalhar,
Só com meu café. Ah! E a fumaça das chaminés.
Os fantasmas rodeiam meu estomago.
Eu digo ao meu âmago para se conformar.
Temos uma esperança. Logo mais se lança
Alguém para administrar.
Porém...
Eles são homens sem coração.
Que me fascinam, em todos os quadriênios,
Mas é pura enganação.

Outro dia eu sonhei que era um Deus, certamente o do trovão.
Queria fazer chover bem lá no meu sertão.
Fazer as plantas crescerem, sem os homens sem coração.
E ai eu voltaria para o meu rincão, plantar minha roca,
Sem me preocupar com essas tais equações,
Que fazem os homens sem coração, lá no meu Congresso,
E atrasa meu regresso ao meu árido Sertão.

Por favor, seu presidente, “mece” é o gerente desta situação
Faca logo uma reunião.
De uma resposta, mesmo que seja meio sensata,
Pois essa fome mata, um trabalhador sertanejo.
Desta forma vejo em “mecê” a solução,
Muito embora de quatro em quatro janeiro
Renova minhas esperanças, de que todas aquelas promessas.
Sejam mesmo de verdade.
Mas quando chega dezembro eu nem me lembro
Do parlamentar que votei, pois lá são tantos,
Disse-me um amigo que são mais de quinhentos e três.



Gerysmar Fernandes 22/02/06

MORRER

MORRER

Quando em meus lábios o sorriso se apagar,
Não derramem por mim nenhuma lagrima se quer
E nem desfolhem o verde em desespero momentâneo
Não mate a flor do vale que floresce ao vento:
Não quebre a rosa que tem uma nota de alegria
Nem se cale triste por algum tempo,
Volte logo a vida, e ao vento.

Eu deixo a vida e com ela meu sorriso
O sol poente, o vento e o tempo siso
Que se desfaz ao horizonte;
A vida aos montes
Nas guerras, o inferno e o paraíso.

Levo pecado que irei paga-los sim,
No fogo no vento ou no tempo
Não levo saudades desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Se uma lágrima em seu rosto rolar,
Enxugue-a logo antes que cheguem ao chão,
É pela vida que devemos seguir
Aos lábios que me beijou um dia
Adeus vida, adeus amor, adeus guria.

ABSTRATOS

ABSTRATOS

... E o céu que era azul
Passava depressa sobre mim
Nuvens carregadas de ira e som
Diziam pra onde iam.

Olhei em volta de mim
Não vi alguém sequer
Perguntei a mim mesmo o que fazer
Eu respondi assim:
Busque um lugar pra se esconder
Se esconda de você, do outro e do céu
Ou vá ao infinito e dome o tempo
Depois volte pra me contar
Contar o que e para quem!
Se só estou e vou!

Vi o tempo passar bem devagar
Com tom e cor
Que só um poeta sabe enxergar!
Pedi a ele pra parar:
- Não posso meu amigo
Sou a base de todas as coisas
Dizem que eu falo por alguém
Dizem que o tempo corre e corroe.
Dizem que só o tempo pode apagar.
Isso não é verdade,
Isso muito me dói
Ate logo estou indo pra buscar motivos
Pra alguém amar!

E o céu continua lá!
E o tempo continua a passar
E o vento a soprar!
E eu a pensar

16/12/2006


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MEU SERTÃO III

MEU RINCÃO


No meu Rincão os bichos falam com gente
Lá clareia mais cedo
Temos medo de assombração.
Lá no meu sertão!

No meu Rincão tem riachos
Com cascatas de águas límpidas
Tem céu bem azulzinho!
Que não sabemos onde finda!

No meu rincão contamos causos
De lobisomem e mula sem cabeça
De saci e pai da mata
De cobra grande e cabeça seca
Que apavora os caçadores
De arribançãs e pássaros pretos!

No meu rincão tem sinfonia
De pardais e sabias,
Como disse o poeta
Eles gorjeiam mais bonito que os de lá...

No meu rincão tem lua cheia
Sol vermelho e céu azul,
Água tão branquinha ou cor de anil.
De noite tem estrelas
Iguais a bandeira do Brasil!

BERRANTE CHORADOR

BERRANTE CHORADOR!

Pelo pantanal afora
Um berrante solitário chora
Em repiques a melodia
Do nascer ao morrer da aurora

A sua amada que ficou tão distante
Em relampejos ofuscantes
Projeta-se pelos campos
Seu pensamento vai e volta num instante
Pela grama verdejante


Cai a chuva que vem florir
Os campos que Ele criou
Sua mente se desfaz
Em pensamentos solitários
A saudade que tem dela
È o seu maior calvário

Pensa que para existir
Precisa acreditar
Nos sonhos que geram atitudes
E nos gozo da realidade

È preciso amor para existir
È preciso sonhos para viver
È preciso a vida, para depois morrer!

Em sagas e devaneios
Sente a hora do amor
Porem não sabe difundir
A idéia do amar

Age como se fosse o único inanimado ser
Que vaga pelas campinas
Escravo do seu proceder.

Nestas horas de aflição seu berrante chorador
Toca uma triste canção,
Lembranças de um grande amor

TEMPO TEMPO

TEMPO TEMPO.

O tempo não para
Nem nunca envelhece
Já fiz ao meu tempo uma prece:
Que passe bem devagarzinho
Quando ela estiver comigo
Oh! Tempo, seja meu amigo.

O tempo não para, nem podemos dominá-lo.
È impossível acelerá-lo
Tão pouco retardá-lo
Pois meu amigo indomável
Seja ao menos coerente.

O tempo passa lento pela janela
Seja ela:
Do trem que me leva la pra Minas
Da casa onde vou morar com ela
Das grades de uma prisão
Dos banquinhos lá da praça
Onde jogaremos gamão

Da janela ou do alpendre
Onde segurei sua mão
O tempo passou tão depressa
Que os amigos de infância
Alguns até já morreram
Porem aqui onde estou
No tempo que passa ligeiro,

21/07/2009

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HIPOCRITAS

HIPOCRITAS!

Meu senhor vou-te contar,
Hoje faz quarenta anos
Que o homem pisou na Lua
De lá veio maravilhado
Com nosso Planeta azul chamado Terra
Talvez seja por isso
Que os homens erram.

A lua tão majestosa
E o homem quis quebrar esta magia
Já fotografaram uma mulher nua
Em alusão a Maria
Agora querem tirar da Lua tudo que nos contagia.

Só me restam as estrelas
Que brilham pequenas no céu
Iluminam toda a noite
Com a luz que me conduz
E refletem em minha Mãe
Fazendo brilhar seu véu.

Elas deixam um rastro de luz
Por todo o firmamento
Que refletem aqui na terra
Talvez seja por isso que os homens erram

MEU SERTÃO

MEU SERTÃO

Eitá! Aqui é o meu sertão
Durante o dia tomo banho
Na cascata que tem água cristalina
De tardinha sento na cadeira de varanda
E fico a contemplar a campina.

Eitá! Aqui é o meu sertão
De noite tem pirilampo e vejo a lua
Branquinha la no céu
Ela anda por trás do vale
E pra ela tiro meu chapéu
Ela toda envergonhada se esconde atrás das nuvens
Que cobrem seu rosto como um véu

Eitá! Aqui é o meu sertão
Pela Manhã levanto cedo
Se perder a hora, revelo meus segredos
Ah! Ia esquecendo-me das estrelas
Que formam um carreiro no céu
São tantas!
Meu Padim sempre dizia. ...
Pra elas eu tiro meu chapéu

Eitá! Aqui é o meu sertão
A mãe natureza me dá
Sol Lua Noite e Dia
Meu Padim sempre dizia:
Pra eles eu tiro meu chapéu

Eitá! Aqui é o meu sertão
Tem rios que corta a selva
Formando um largo estradão
Eles formam o caminho de Deus.
Meu Padim sempre dizia:
Pra ele eu tiro meu chapéu

21/07/2009

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CAMPINA SOLIDÃO

CAMPINA SOLIDÃO

Meu cavalo a passos lentos
Meu cachorro cheira o vento
Eu sinto a brisa bem fina
Que vem soprando la de Minas.

O dia vai se acabando
Paramos para descansar
Faço o Mate bem Amargo
Mais que a própria solidão
Que só é percebida
Por mim, meu cavalo e meu cão.

Quando outro dia nasce
Como é lindo meu rincão
Aprecio flores e borboletas
Na campina solidão.

Sigo em frente a minha sina
Viajando de Sol a Sol
Somos três solitários vividos
De prosa e causos cumpridos
Quando cantamos todos ouvem
Pois são gritos, relinchos e latidos.

21/06/2009


..

PRECES

PRECES


Ao escrever esta prece
Rogo ó Pai a minha paz
Solicito de ti Ó Deus
Que perdoe os meus irmãos
Mulheres e Homens como nós
Também possuem coração.

Fizeste-me a tua imagem
E também semelhança
Porque não diminuiu um pouquinho, Ó Pai.
Minha implacável intolerância.

Quando depositastes amor em mim
Sei que foi o bastante
Porém gastei com coisas vãs
Não segui tuas instruções
Por isso amigo te peço
Deixa mais perdão comigo
Tem gente muito inconstante.

Se não for possível, Ó Deus.
Então perdoa minha falta de oração
Ou me ensina ser pescador
Pescador de homens
Pescador de corações.



...

SANGRA

SANGRA


Sangra o mundo
Sangra a vida
Sangra tudo que há.

Sangra o peito do sujeito
Que não sabe amar!

Ora! Sangra o amor
Que eu tenho pra ti dar


Sangra o peito do sujeito
Que não sabe amar!

Sangra o peito do sujeito
Que não sabe amar!

Deixem meu cavalo ir embora
Vou a pé pra casa dela
Pois ela, não pode sangrar.

Vou chegar lá na janela
Oferto uma flor á ela
Pois ela, não pode sangrar!

O meu cavalo foi embora
Já faz horas
Que estou a sangrar
Com esta rosa na mão
Ela não quis vir buscar.

Sangra o peito do sujeito
Que não sabe amar!

Sangra o peito do sujeito
Que não sabe amar!


Só não posso a deixar ela sangrar!!!

PALHAÇO COCADA

PALHAÇO COCADA.

Eu palhaço que rio e choro
Na hora que tiro ou coloco
A maquiagem!

Eu palhaço ainda sou
No picadeiro da vida
Sou palhaço rindo ou chorando
Na hora do show

Respeitável publico, aqui estou.
Chorando por dentro, sorrindo por fora.
Não tem hora.
Para a dor ir ou voltar.
Porém o palhaço precisa brincar!

Pula! Grita! Sorri! Criançada
Eu sou o palhaço Cocada
Vocês não sabem meus pequeninos
Porém ouço bater os sinos do meu funeral
A lança já foi fincada, no peito, na alma, etc e tal.

Direitos Autorais-Reg. MS/02012009002347-2-C.Grande/MS

GARGANTA - DEUSES!

GARGANTA

È a lei da vida
Na despedida de quem tu amas
Na garganta um nó, não te deixa falar.
No peito uma dor imensa
Ninguém pensa um dia deixar.
Seu amor, sua amada sem chorar.

È o nó no peito do sujeito
Sem jeito, não fala gagueja.
È o som do amor
Da amada que seja.

È tom maior da cantiga
Das velhas rodas da infância
È o nó é o ninho
È o vinho, é o linho branco no clarão.
È a dor do sujeito
Nas lagrimas que correm ao chão

Sai da alma, do ego que esfrego os olhos da vida.
Derramo pela escada da amada
Que analisada chora comigo.

È a garganta que não canta!
È o nó é o pó é a dor de deixar você.
Não carece prece, porém merece mecê
Que eu cante uma canção comprida
Que fala da vida em ré maior
È o nó é o pó é a dor de deixar você.




22/05/2009 - Direitos Autorais-Reg. MS/02012009002346-2-C.Grande/MS




DEUSES!!

Ontem a tarde contemplei o Deus Sol,
Quando já ia dormir.
Admirei a Deusa Lua
Que nascia no horizonte do meu sertão.
Embevecido da sua luz,
Acabei adormecendo de tanto êxtase.

Pela manhã quando acordei,
Deus Sol estava despertando,
E com ele os pássaros, as borboletas,
As flores e as arvores do meu sertão.

Quando senti sede, não hesitei, marchei até o ribeirão,
Bebi água cristalina da cascata que reluz,
La no fundo a Deusa cor de prata.

Tomado de tanta beleza perguntei a mãe natureza
Onde estava a prisão?
Ela me respondeu, bem baixinho.
Aqui no fundinho do meu coração.

Vá Poeta! Leve a minha resposta.
Aqui na selva não tem prisão,
Aqui não tem maldade,
Quando se mata é para a alimentação.
De quem esta sobre a Terra, ou sob o chão.
Aqui todos são livres e obedecem ao coração,
È diferente dos homens que cultuam a desigualdade,
A cor da pele, a escravidão.

O mundo estava em ordem,
Agora veja o turbilhão,
O homem que hora mato,
Já dei a ele remédio
Porém ele curou o tédio com outras plantações
Preparou a Canabis Sativa
Com água do ribeirão
Inventou nocivos liquidos
E agora morre do coração
Dou e a ele remédio,
Ele mata seus irmãos!
Porque homem? Porque?
Tanta confusão!


02/01/2009 - Direitos Autorais-Reg. MS/02012009002345-2-C.Grande/MS




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BUSCA INCESSANTE AOS RESTOS MORTAIS DE NOSSOS IRMAOS QUE MORRERAM EM BUSCA DA LIBERDADE

sábado, 6 de março de 2010

Geólogos das universidades de Brasília e do Ceará começaram na terça-feira (11) a rastrear o solo da antiga base militar da Casa Azul, em Marabá, em busca de ossadas de integrantes da Guerrilha do Araguaia.
As escavações, que devem ocorrer a partir de amanhã, incluem nesta primeira fase o sítio Tabocão, em São Domingos do Araguaia, e o antigo garimpo do Matrinxã e a Clareira Cabo Rosa, em Brejo Grande.
Esses locais, apontados como áreas de fuzilamento nas reportagens divulgadas em junho e julho pelo jornal O Estado de S. Paulo, não estavam na lista inicial de pontos que seriam analisados pela expedição montada pelo Ministério da Defesa para buscar corpos — à exceção da Casa Azul.
A decisão do grupo de priorizar essas áreas foi tomada após análise de depoimentos de ex-guias do Exército e moradores.
Eles disseram à ouvidoria da expedição que guerrilheiros foram enterrados nestes pontos.
Responsável pela logística da expedição, o general Mário Lúcio Araújo, da 23ª Brigada de Infantaria de Selva, elogiou o trabalho da Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia, que atua em parceria com os militares.
Ele avaliou que as informações recolhidas pela entidade “agregaram valor” ao trabalho de localização de corpos de guerrilheiros.
Dos 14 pontos previstos originalmente para serem escavados, sete foram provisoriamente abandonados até que surjam informações mais concretas.
Até o final de outubro, início das chuvas na Amazônia, o grupo de especialistas ainda rastreará com dois radares do tipo GPR os solos das antigas bases da Bacaba e de Xambioá, a fazenda Grota Fria, a região de Dois Coqueiros, a Base Cabo Rosa e a Reserva Indígena Sororó.
Não está descartada a inclusão de novas áreas de buscas. Além dos geólogos, participam da expedição antropólogos forenses do Instituto Médico Legal de Brasília.
Pela dimensão da guerrilha e da área, o ativista Paulo Fonteles Filho, ligado à Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia, defende um trabalho mais prolongado de buscas.
Ele observa que 69 guerrilheiros recrutados nas cidades foram mortos, além de duas dezenas de recrutados na região.
“Temos de ter um trabalho mais permanente de coleta de dados, para localizar um número maior de ossadas”, afirmou.
Para ele, o Ministério da Defesa deve fazer uma parceria de longo prazo com as pessoas da região que estiveram envolvidas no conflito.
Fonteles Filho observou que em algumas áreas, como a Base da Casa Azul, a busca será difícil.
“É como encontrar agulha no palheiro”, disse.
Na avaliação do ativista, a expectativa de achar ossada é maior no sítio do Tabocão, onde teria sido enterrado o guerrilheiro Rodolfo Troiano, uma sepultura apontada pelo ex-guia José Maria Alves da Silva, o Zé Catingueiro.
O dirigente do PCdoB, Aldo Arantes, que integra a expedição, voltou a pedir que o Ministério da Defesa ouça oficiais da reserva que participaram dos combates à guerrilha.
“O trabalho do ex-guias ajuda, mas tem limites. Há casos em que os militares não permitiram a presença desses mateiros no sepultamento dos guerrilheiros”, observou. “Na Casa Azul, por exemplo, é certo que pessoas foram enterradas. Mas é certo também que ocorreu uma operação limpeza, de retirada de ossadas anos depois”, disse.
As informações são da Agência Estado

A PATRIA QUE TORTURAVA ...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Lista de guerrilheiros do Araguaia

(a Lista da Vergonha Nacional, assim como a escravidão no Brasil. Eu também seria um guerrilheiro se estivesso vivido a epoca desses valentes brasileiro que morreram em nome de um ideal. A Liberdade - Gerysmar Fernandes)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Lista de guerrilheiros do Araguaia)

A lista abaixo reúne os integrantes conhecidos da Guerrilha do Araguaia. Nos parênteses os codinomes pelo quais eram conhecidos, batizados pela guerrilha ou dados pelos moradores da região.


João Amazonas (Velho Cid) - integrante do PCB desde a década de 30 e um dos fundadores e secretário-geral do PCdoB, era o teólogo da guerrilha, e responsável pela ligação entre os guerrilheiros na selva e a direção em São Paulo. Entrou e saiu diversas vezes na área do Araguaia durante o período, transportando militantes, dinheiro e orientações políticas, indo para o exílio na Albânia após o aumento da repressão militar na área, que impediu sua movimentação. Voltou ao Brasil após a Anistia e morreu aos 90 anos, em 2002.


Elza Monnerat (Dona Maria) - integrante da direção do PCB, fazia com Amazonas a ligação entre o Araguaia e o sul do país. Responsável pelo transporte de diversos militantes até o local da guerrilha e uma das primeiras a se instalar no Araguaia, durante os preparativos para a criação do núcleo guerrilheiro, voltou à clandestinidade urbana após o aumento da repressão militar na área, que a impediu de retornar à região do conflito, como Amazonas. Presa em fins de 1976 e libertada com a Anistia, morreu em 2004.


Maurício Grabois (Mário) - Membro da cúpula do PCdoB, integrante da Comissão Militar do Partido e comandante-em-chefe dos guerrilheiros do Araguaia. Foi morto numa emboscada na selva em dezembro de 1973. Seu corpo nunca foi encontrado e sua morte jamais admitida pelo Exército. É dado como desaparecido.


Ângelo Arroyo (Joaquim) - membro da cúpula do PCdoB e militante comunista desde 1945, foi um dos líderes da guerrilha, integrante da Comissão Militar. Foi um dos dois únicos guerrilheiros que escaparam vivos do Araguaia, depois da última campanha militar que exterminou a guerrilha, fugindo a pé para o Piauí atravessando a selva e dali para são Paulo. Foi fuzilado em dezembro de 1976 por agentes do Doi-Codi numa casa no bairro da Lapa, em São Paulo, onde se realizava uma reunião do Comitê Central do PCdoB, no episódio conhecido como Chacina da Lapa.


Carlos Danielli (Antonio) - Integrante do quadro dirigente do PCdoB, fazia a ligação entre a área rural e urbana do partido. Morreu sob torturas ao ser preso na OBAN em São Paulo, em 31 de dezembro de 1972.


Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão) - o mais carismático e temido guerrilheiro do Araguaia, negro, forte, 1,98m e ex-campeão carioca de boxe, considerado mítico pelos moradores do Araguaia, foi morto num encontro com uma patrulha militar em janeiro de 1974. Seu corpo foi pendurado num helicóptero e mostrado em sobrevoo pelos povoados da região. Decapitado, foi enterrado em lugar desconhecido. É considerado desaparecido político.


Líbero Castiglia (Joca) - Italiano, foi o único estrangeiro que participou da guerrilha. Com treinamento militar na China, era ligado ao Destacamento A e fazia a segurança da comissão militar da guerrilha. Foi um dos primeiros militantes a chegar à região do Araguaia. É dado como desaparecido desde o ataque do exército ao comando guerilheiro, no Natal de 1973.


André Grabois (Zé Carlos) - Filho de Maurício Grabois e vivendo na clandestinidade desde os 17 anos por causa da perseguição ao pai, foi comandante do destacamento A da guerrilha. Morreu em combate junto a outros três guerrilheiros, durante tiroteio com patrulha do exército em outubro de 1973, após caçarem porcos-do-mato. Seu corpo nunca foi encontrado, é dado como desaparecido.


Bergson Gurjão Farias (Jorge) - Ex-estudante de Química da Universidade Federal do Ceará, e sub-comandante do Destacamento C da guerrilha, sob o codinome de 'Jorge', foi o primeiro guerrilheiro a ser morto em combate no Araguaia. Ferido a tiros de metralhadora numa emboscada, foi morto a golpes de baioneta dias depois numa instalação militar de Marabá em maio de 1972. Dado como desaparecido politico por trinta anos, seus ossos foram identificados por exames de DNA em 2009, após exumação do cemitério de Xambioá.


João Carlos Haas Sobrinho (Dr. Juca) - médico formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chegou ao Araguaia vindo do Maranhão onde morou com alguns dos principais líderes da guerrilha e atendia a população. Respeitado pelos caboclos locais pelo auxílio que prestava na área da saúde de Marabá e Xambioá, o comandante médico-militar foi morto em combate em 30 de setembro de 1972. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido político.


Dinalva Oliveira Teixeira (Dina) - Geóloga formada pela Universidade Federal da Bahia, popular no Araguaia como parteira e temida pelos militares pela coragem física e por ser exímia atiradora, foi a mais famosa das guerrilheiras, lendária entre os moradores da região. Única mulher a ser sub-comandante de destacamento de combate, foi presa já no fim da guerrilha, em julho de 1974, e assassinada a tiros por agentes militares do CIEx. Seu corpo nunca foi encontrado e é dada como desaparecida.


Helenira Resende (Fátima) - ex-estudante de Filosofia da USP e vice-presidente da UNE, no Araguaia conquistou o respeito dos demais pela coragem física e determinação. Morreu em combate em setembro de 1972, metralhada nas pernas em troca de tiros com soldados do exército e morta à baioneta depois. O respeito que gozava no meio dos companheiros fez com que a partir de sua morte um dos destacamentos da guerrilha passasse a ter o seu nome.


Micheas Gomes de Almeida (Zezinho) - Filho de camponeses, ex-operário e veterano comunista, é o único guerrilheiro sobrevivente do Araguaia a nunca ter sido preso. Melhor guia e conhecedor da selva entre todos os guerrilheiros, fugiu da região guiando Ângelo Arroyo até o Maranhão, durante os últimos dias de aniquilamento da guerrilha. Vivendo com identidade trocada e anônimo em São Paulo por mais de 20 anos, dado como desaparecido, reapareceu nos anos 90. Mora em Goiás.


Maria Lúcia Petit (Maria) - ex-professora primária, participou da guerrilha com os irmãos mais velhos. Morta em junho de 1972 numa emboscada, seus restos mortais foram identificados em 1996. Junto com Bergson Gurjão, são os dois únicos guerrilheiros mortos e identificados posteriormente. Foi enterrada em Bauru, São Paulo.
Jaime Petit - engenheiro e irmão mais velho da família Petit, foi morto em combate em dezembro de 1973. Decapitado, seu corpo nunca foi encontrado. É dado como desaparecido político.


Lúcio Petit (Beto) - engenheiro e irmão do meio da família guerrilheira Petit, foi preso durante a aniquilação final da guerrilha no começo de 1974. Visto pela última vez amarrado a bordo de um helicóptero do exército, é dado como desaparecido político.


Dinaelza Santana Coqueiro (Mariadina) - ex-estudante de Geografia da PUC de Salvador, chegou o Araguaia em 1971 com o marido, Vandick Coqueiro e Luzia Reis. Integrante do destacamento C, foi executada por agentes do CIEx em abril de 1974, após ser vista presa na base de Xambioá. É dada como desaparecida.


José Genoino (Geraldo) - Membro do PCdoB desde 1966, com 20 anos, ex- presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará, chegou ao Araguaia em 1970. Foi um dos primeiros presos pela ofensiva militar na área, um 1972. Foi torturado e cumpriu pena até 1977. Tornou-se o nome mais conhecido da guerrilha nos anos seguintes, elegendo-se deputado federal diversas vezes pelo Partido dos Trabalhadores. Casou-se com a guerrilheira Rioko Kayano, a quem conheceu na prisão.


Luzia Reis (Baianinha) - ex- militante do movimento estudantil de Salvador, chegou ao Araguaia em janeiro de 1972 e fez parte do destacamento C. Primeira guerrilheira a ser presa, após uma emboscada, foi torturada na base de Xambioá e transferida para Brasília, onde cumpriu dez meses de prisão. Solta, abandonou a militância e o Partido. Vive em Salvador, aposentada do serviço público.


Glênio Sá (Glênio) - Ex-aluno de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, chegou à guerrilha em 1970 e foi preso em 1972, traído por um camponês, depois de dois meses perdido na mata, após um tiroteio. Morreu em 26 de julho de 1990 num acidente de automóvel, quando fazia campanha para o senado no Rio Grande do Norte.


Antônio Carlos Monteiro Teixeira (Antônio da Dina) - Geólogo baiano e militante do PCdoB, marido de 'Dina' - de quem se separou durante a guerrilha - chegou ao Araguaia em 1970 e integrou-se ao destacamento C. Conhecedor da mata, era o instrutor de orientação na selva dos militantes recém chegados à região. Morto em combate em 21 de setembro de 1972, na primeira fase das operações anti-guerrilha.
Jana Moroni (Regina) - cearense, ex-estudante de biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, chegou ao Araguaia em abril de 1971, com apenas 21 anos. Trabalhou como professora primária e agricultora. Casou-se na guerrilha com Nelson Piauhy (Nelito), dava aulas de tiro e fez parte do Destacamento A. Oficialmente desaparecida em 2 de janeiro de 1974 junto com mais dois guerrilheiros, foi vista presa e ferida na base militar em Bacaba.


Áurea Valadão (Elisa) - Ex-estudante de Física da UFRJ, foi para a guerrilha com o marido Arildo Valadão em 1970, integrando o destacamento C. Aprisionada por mateiros a serviço dos militares no começo de 1974, doente, faminta e em farrapos, sua morte consta em relatório da Marinha como 13 de junho de 1974. É dada como desaparecida política.


Arildo Valadão (Ari) - Ex-estudante de Física da UFRJ, onde conheceu a mulher, Áurea, chegou ao Araguaia em 1970 com a mulher, integrando o destacamento C. Foi assassinado e decapitado por um mateiro amigos dos guerrilheiros que se passou para o lado dos militares, em 23 de outubro de 1973. Seu corpo nunca foi encontrado.
Paulo Mendes Rodrigues (Paulo) - Economista e comandante do destacamento C, morreu em combate no dia de Natal de 1973 junto com o comandante geral da guerrilha, Maurício Grabois. Seu corpo nunca foi encontrado.


José Humberto Bronca (Zeca Fogoió) - Ex-mecânico de aviões da VARIG no Rio Grande do Sul, foi um dos militantes do PCdoB enviado para treinamento de guerrilha na Academia Militar de Pequim. Chegou ao Araguaia em 1969, onde foi o vice-comandante do destacamento B e depois integrante da Comissão Militar da guerrilha. Último integrante da CM a ser preso, delatado por um camponês a quem pediu ajuda, subnutrido e cheio de ulcerações provocadas por picadas de mosquitos, foi executado e dado como desaparecido em março de 1974.


Kleber Lemos da Silva (Carlito) - economista carioca, integrou o destacamento B. Emboscado com primeiro grupo a ser desbaratado pelas tropas do exército, pediu aos companheiros que o deixassem durante a fuga, impedido de caminhar por uma fístula de Leishmaniose na perna. Delatado por um camponês, foi preso pelos fuzileiros navais 26 de junho de 1972 e executado três dias depois. Seu cadáver foi fotografado e a foto divulgada anos depois. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido.


Daniel Callado (Doca) - operário fluminense formado pelo SENAI, chegou ao Araguaia depois de morar em Rondonópolis, no Mato Grosso, onde era lanterneiro e craque do time de futebol da cidade. Fez parte do Destacamento C da guerrilha, que foi disperso pelos ataques militares em dezembro de 1973. Visto por moradores da região no começo de 1974, preso na base militar de Xambioá, onde era torturado a socos e pontapés por soldados comandados pelo Major Curió, desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado. O relatório da Marinha registra sua morte como em 28 de junho de 1974.
Guilherme Lund (Luis) - carioca, formado pelo Colégio Militar e ex-estudante de arquitetura da UFRJ, no Araguaia integrou a segurança da Comissão Militar da guerrilha. Foi morto em combate contra tropas do exército com mais quatro guerrilheiros, incluindo o comandante geral Mauricio Grabois, no dia de Natal de 1973.


Maria Célia Correa (Rosa) - carioca, bancária e ex-estudante de Filosofia da UFRJ, chegou ao Araguaia em 1971 para se encontrar com o noivo, 'Paulo Paquetá' (que desertou sozinho da guerrilha em 73). Integrante do Destacamento A, perdeu-se da organização da guerrilha após combate em 2 de janeiro de 1974. Presa por um camponês quando procurava ajuda, foi entregue aos militares da base de Bacaba. Transportada de helicóptero para a mata depois de presa, foi metralhada com mais dois guerrilheiros. É dada como desaparecida.


Regilena da Silva Carvalho (Lena) - mulher de Lúcio Petit, o mais velho da trinca de irmãos guerrilheiros, abandonou a guerrilha em 1972. Ferida, com os pés infeccionados e de muletas entregou-se aos pára-quedistas. Presa em Xambioá e transportada para Brasília, foi solta em dezembro de 1972, após mandar mensagem ao companheiros pedindo que se rendessem.


Lúcia Regina Martins (Lúcia) - ex-estudante de obstetrícia da USP, chegou ao Araguaia acompanhando o marido Lúcio Petit. Desiludida com a guerrilha e o casamento, deixou a região grávida, em lombo de burro, para tratar de uma curetagem mal feita num hospital de Anápolis. Fugiu do hospital em dezembro de 1971, ainda antes da primeira ofensiva militar, voltando a São Paulo para viver com a família e recusando-se a voltar ao Araguaia. Só foi presa em 1974, quando a guerrilha já estava aniquilada. Foi acusada por Elza Monnerat de ter contado aos militares sobre a guerrilha, permitindo que ela fosse descoberta. Vive em Taubaté, SP.


Antônio de Pádua Costa (Piauí) - ex-estudante de astronomia na UFRJ, entrou na clandestinidade após ser preso no XXX Congresso da UNE, em Ibiúna, 1968. Na guerrilha, atuou como sub-comandante do destacamento A e comandante depois da morte de André Grabois. Após o confronto armado entre guerrilheiros e militares de 14 de janeiro de 1974, ele desapareceu junto com mais dois guerrilheiros. Mais tarde, foi preso na casa de um camponês que o traiu e obrigado a passar semanas guiando batedores do exército nas matas, até possiveis esconderijos de armas e mantimentos dos guerrilheiros. Executado após perder a utilidade, seu corpo nunca foi encontrado.


Divino Ferreira de Sousa (Nunes) - guerrilheiro com treinamento militar na China, foi um dos primeiros no Araguaia e integrou o Destacamento A. Ferido no tiroteio que matou outros três guerrilheiros em 14 de outubro de 1973, foi levado à Casa Azul, base militar dirigida pelo Major Curió no Araguaia, e executado.


Elmo Correa (Lourival) - ex-estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, cursou até o 3ª ano e participava do movimento estudantil. Chegou ao Araguaia com a mulher Telma Regina Correia (Lia) em 1971, e mais tarde a irmã, Maria Célia Correa, (Rosa) juntou-se a eles. Desaparecido da guerrilha após o ataque de Natal de 1973, foi morto na localidade de Carrapicho, segundo testemunhos de locais, no dia 14 de maio de 1974, segundo relatório da Marinha.


Lúcia Maria de Souza (Sônia) - ex-estudante da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, deixou o curso no 4º ano devido às atividades políticas e entrou na clandestinidade. Participante do destacamento A, o episódio de sua morte é o mais célebre da história da guerrilha, onde feriu dois oficiais do exército antes de morrer, um deles o notório Major Curió. É oficialmente desaparecida política.


Adriano Fonseca Filho (Chico) - ex-estudante de Filosofia da UFRJ, chegou ao Araguaia em abril de 1972. Integrante do Destacamento B, foi morto a tiros por mateiros de patrulhas do exército em 3 de dezembro de 1973, na última fase das operaçãos militares, quando caçava jabutis na mata para alimentação. Foi decapitado e enterrado em local desconhecido. Permanece como desparecido político.


Tobias Pereira Junior (Josias) - ex-estudante carioca da Universidade Federal Fluminense, integrou o destacamento C da guerrilha. Entregou-se no fim de 1973 e passou semanas acompanhando os militares na localização de esconderijos de armas, munições e mantimentos. Desenhou mapas de localização e reconheceu fotografias. Mesmo auxiliando os militares depois de preso e torturado, foi assassinado em 14 de fevereiro de 1974.


Gilberto Olímpio Maria (Pedro) - jornalista e genro de Maurício Grabois, chegou à região no fim da decada de 60 e morreu em combate junto com o sogro, no Natal de dezembro de 1973, durante encontro com patrulhas militares.
Antonio Guilherme Ribas (Ferreira) - ex-presidente da UPES (União Paulista de Estudantes Secundaristas), foi preso no XXX Congresso da UNE, em 1968, e cumpriu um ano e meio de prisão. Depois de solto, viveu alguns meses clandestino na Baixada Fluminense com José Genoíno e dali foi para o Araguaia. Integrante do destacamento B comandado por Osvaldão, foi morto em novembro de 1973, durante a última campanha militar na região. Seu corpo nunca foi encontrado e é dado como desaparecido político.


Rodolfo Troiano (Mané) - ex-estudante secundarista mineiro, filiado ao PCdoB, foi preso por participar de manifestações estudantis em 1969, cumprindo pena em Juiz de Fora. Depois de solto, em 1971 foi para o Araguaia e integrou o destacamento A da guerrilha. Morto em 12 de janeiro de 1974 segundo a Marinha, executado após ser preso, seu corpo nunca foi encontrado.


Pedro Alexandrino de Oliveira (Peri) - Bancário mineiro, integrante do destacamento B. Morto com um tiro na cabeça em agosto de 1974, após ser encontrado sozinho na selva. Seu corpo foi transportado de helicóptero para a base de Xambioá, onde foi chutado e cuspido pelos soldados, o que causou a intervenção de um oficial da FAB ordenando que o inimigo fosse respeitado.


Suely Kanayama (Chica) - Ex-estudante da Letras na USP, baixinha e magrinha, chegou ao Araguaia em fins de 1971 e passou a integrar o Destacamento B. Apesar da frágil compleição física, foi das que mais se adaptou à vida na selva e uma das últimas guerrilheiras a morrer. Audaciosa e com treinamento de tiro e sobrevivência na selva, cercada por uma patrulha do exército no início de 1974 recusou rendição, atirou ferindo um policial e morreu metralhada por mais de 100 tiros, fato que chocou até integrantes do Exército. Consta como desaparecida política.


Telma Regina Correia (Lia) - ex-estudante de geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF), de node foi expulsa em 1968 por sua atividades políticas, foi para a região do Araguaia em 1971, juntamente com seu marido Elmo Corrêa, e integrou o destacamento B. Foi presa e desapareceu em janeiro de 1974.


Luis Renê Silveira (Duda) - carioca e ex-estudante de medicina, chegou ao Araguaia com apenas 19 anos. Preso com a perna quebrada por tiro perto da base de Bacaba, desapareceu no início de 1974.


Criméia Schmidt de Almeida (Alice) - ex-estudante de enfermagem da UFRJ, foi para o Araguaia em 1969 onde tornou-se companheira de André Grabois, comandante do Destacamento A. Engravidou em 1972 e com problemas na gestação foi levada para São Paulo. Presa na cidade em dezembro, foi torturada e teve o filho no Hospital do Exército, em Brasília. Hoje participa da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.


Walkiria Afonso da Costa (Walk) - ex-estudante de Pedagogia na Universidade Federal de Minas Gerais, integrou o destacamento B e foi a última guerrilheira morta, fuzilada após ser capturada, em outubro de 1974. Sua morte encerrou a Guerrilha do Araguaia.


Vandick Raidner Coqueiro (João Goiano) - ex-estudante de economia baiano, chegou ao Araguaia com a mulher Dinaelza Coqueiro, a guerrilheira 'Mariadina'. Integrante do Destacamento B, foi o penúltimo guerrilheiro preso e executado pelo exército, em setembro de 1974.


Nelson Piauhy Dourado (Nelito)
José Piauhy Dourado (Ivo) - ex-estudante da Escola Técnica Federal da Bahia, era fotógrafo em Salvador até entrar na clandestinidade, junto com o irmão, Nélson. Combatente do destacamento C, não foi mais visto pelos guerrilheiros a partir de dezembro de 1973. Relatório sigiloso da Marinha registrou sua morte em 24 de janeiro de 1974. Seu corpo nunca foi encontrado.


Cilon Brum (Simão) - Também conhecido como 'Comprido', era um ex-estudante de Economia da PUC-RS. Presidente do DCE da universidade, chegou ao Araguaia fugindo da repressão política. Não foi mais visto pelos companheiros depois de dezembro de 1973 e foi visto preso por mais de dois meses numa base militar na região de Brejo Grande. Dado oficialmente como desparecido, anos depois, foram descobertas e publicadas fotografias que mostravam 'Simão' preso, escoltado por militares, em algum lugar da mata do Araguaia, comprovando que morreu sob custódia de tropas federais. Seu corpo nunca foi encontrado.


Custódio Saraiva Neto (Lauro)
Antonio Teodoro (Raul)
Ciro Flávio Salazar (Flávio) -
Luiza Garlippe (Tuca) - ex-enfermeira do Hospital das Clínicas, chegou no Araguaia com o companheiro Pedro Alexandrino (Peri). Integrou-se ao Destacamento B, na área da Gameleira e substituiu João Carlos Haas Sobrinho depois da morte deste, como comandante-médica. Presa em julho de 1974 junto com 'Dina', foi executada a tiros pelo CIEx.


José Maurílio Patricio (Manuel do B)
Paulo Roberto Marques (Amauri)
Rioko Kayano - militante do PCdoB, levada ao Pará por Elza Monnerat, não chegou a se juntar à guerrilha, sendo presa na pensão de Marabá onde aguardava transporte para a zona de conflito, em 15 de abril de 1972. Na prisão, começou a namorar José Genoino com quem é casada e tem três filhos.


Pedro Albuquerque Neto - ex-militante do movimento estudantil cearense preso no Congresso da UNE em Ibiúna em 1968, chegou no Araguaia com a mulher em fevereiro de 1971. Fugiu da guerrilha em junho do mesmo ano, acompanhando a mulher que não aguentava mais as condições de vida da selva. Foi sua prisão em Fortaleza e posterior tortura, que se imagina deu aos militares o primeiro conhecimento da existência da Guerrilha do Araguaia.


Antonio Ferreira Pinto (Antonio Alfaiate)
João Carlos Wisnesky (Paulo Paquetá) - ex-estudante de medicina da UFRJ, desertou da guerrilha em 1973, deixando a companheira 'Rosa'. Descoberto muitos anos depois trabalhando como médico em Niterói, não fala da guerrilha.


Antônio de Pádua Costa (Piauí)
José Toledo de Oliveira (Vitor)
Danilo Carneiro (Nilo) - Primeiro guerrilheiro preso, em abril de 1972, nas proximidades da Transamazônica quando cumpria missão de mensageiro da Comissão Militar, foi preso e torturado com golpes de fuzil, estocadas de baioneta e, arrastado por mjipe, ficou com metade do corpo em carne viva. Solto após um ano e meio de prisão, passou por 30 cirurgias para recuperar os danos da tortura. vive em Florianópolis.


Miguel Pereira dos Santos (Cazuza)
Manuel José Nurchis (Gil) - ex-operário paulista, integrou o Destacamento B de Osvaldão e foi morto em combate em 30 de setembro de 1972, junto com João Carlos Haas Sobrinho e Ciro Flávio Salazar. Seu corpo nunca foi encontrado.
Idalísio Soares (Aparício)
Dower Cavalcanti (Domingos) - aprisionado ferido após a emboscada que matou Bergson Gurjão em junho de 1972, foi torturado com choques, pau-de-arara e simulação de afogamento depois de levado para Brasília. Ficou preso até 1977. Após reconquistar a liberdade, formou-se em medicina em Fortaleza e trabalhou no Ministério da Saúde. Morreu ao 41 anos, em 1992, de ataque cardíaco.


Dagoberto Alves da Costa (Miguel) - Integrante do Destacamento C, foi preso apenas 52 dias depois de chegar o Araguaia e passou um ano e meio na cadeia. Hoje é psicólogo e vive em Recife.


Helio Luiz Navarro (Edinho) -
Uirassu de Assis Batista (Valdir) - estudante baiano, integrante do movimento secundarista e perseguido por sua atuação política , foi para o Araguaia e integrou-se ao Destacamento A. Preso com mais dois guerrilheiros no inicio de 1974, foi visto na base de Xambioá,algemado e mancando com a perna coberta por uma leishmaniose, sendo levado em direção a um helicóptero do exército. Desapareceu e seu corpo nunca foi encontrado.


Pedro Matias de Oliveira (Pedro Carretel) - posseiro do Araguaia que se juntou aos guerrilheiros, teve o último contato em 2 de janeiro de 1974. Foi visto amarrado numa base militar sendo levado para a mata. É dado como desaparecido político.
Rosalindo de Sousa (Mundico) - advogado baiano, chegou ao Araguaia em 1971 e era famoso na região pelos cordéis que fazia. Foi fuzilado pelos guerrilheiros após um julgamento por um 'tribunal revolucionário' dentro da mata, que o condenou por 'traição ideológica' e adultério.


João Qualatroni (Zebão) - ex-militante do movimento estudantil secundarista do Espírito Santo, integrou-se ao Destacamento A da guerrilha. Morreu em combate em 13 de outubro de 1973, aos 23 anos, vítima de uma emboscada junto com André Grabois e mais dois guerrilheiros.


Batista - caboclo morador do Araguaia que se juntou aos guerrilheiros durante os combates, nunca se soube muito sobre ele. Desapareceu no início de 1974, após ser preso junto com a ex-professora e guerrilheira Áurea Valadão.


Lourival Paulino – barqueiro da região ligado aos guerrilheiros, acusado pelos militares de informante e de dar apoio logístico à guerrilha, foi preso e torturado pelo exército em 1972. Três dias depois de entrar arrastado na delegacia de Xambioá, sua morte foi anunciada como suicídio. Seu corpo nunca foi encontrado.
Antonio Alfredo de Lima (Alfredo) - Paraense morador do Araguaia,entrou para a guerrilha após ser ameaçado por grileiro da região. Aprendeu a ler e escrever com os companheiros e ensinou-lhes táticas de orientação e sobrevivência na selva. Morreu em combate com mais três guerrilheiros em 14 de outubro de 1973. Dado como desaparecido.


[editar] Referências
MORAIS, Tais de. SILVA, Eumano. Operação Araguaia: os arquivos secretos da guerrilha. ISBN 8575091190.
MIRANDA, Nilmário e TIBÚRCIO, Carlos - Dos filhos deste solo - Fundação Perseu Abramo, 1999 - ISBN 978-85-7643-066-7
MAKLOUF, Luiz - Mulheres que foram à luta armada, Editora Globo, 1998 - ISBN 8525021334
GASPARI, Elio - A Ditadura Escancarada (as Ilusões Armadas), Companhia das Letras, 2002 ISBN 8535902996
CABRAL, Pedro Corrêa - Xambioá: guerrilha no Araguaia, Editora Record, 1993 ISBN 8501041165
STUDART, Hugo - A Lei da Selva — Estratégias, Imaginário e Discurso dos Militares Sobre a Guerrilha do Araguaia, Geração Editorial, ISBN 8575091395
Centro de Documentação Eremias Delizoicov
TorturaNuncaMais/RJ
Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_guerrilheiros_do_Araguaia"

REPRESA IRÁ INUNDAR A AREA DA GUERRILHA DO ARAGUAIA

Represa irá inundar área da Guerrilha do Araguaia
Ironia do destino


Não poderia dar outro título. Pessoas que foram presas, torturadas e viram muitos amigos morrerem nos porões da ditadura militar instalada no Brasil em 1964 serão as responsáveis pelo alagamento da área onde – na mesma época em elas eram arrasadas nas mãos dos torturadores – guerrilheiros foram trucidados cruelmente pelo Exército. Se construírem a represa, Araguaia será lembrado apenas como ocorre hoje com Canudos. A gente fala do que a história registra mas o que tem no lugar onde o Conselheiro e seus seguidores resistiram aos canhões e baionetas é só água.
Lá, onde os guerrilheiros do PCdoB lutaram, vai ficar assim também.


Leia essa reportagem da CartaCapital e veja se não é uma ironia do destino Dilma Rousseff, Carlos Minc e outros autorizarem a construção da hidrelétrica onde ainda estão os corpos dos guerrilheiros. Será que em nome do PAC vale a pena alagar a História?

CartaCapital
Edição 534
25/02/2009




A foto tirada por um militar, na chegada do Exército à região do Araguaia, em setembro de 1972




Memória afogada Leandro Fortes*

Desaparecidos há mais de três décadas, os corpos de 58 brasileiros mortos durante a Guerrilha do Araguaia, possivelmente assassinados a sangue-frio ou sob tortura pelo Exército, precisam ser encontrados em quatro anos. Ou cairão, para sempre, no esquecimento.


Com a aprovação do governo federal, o consórcio Gesai, formado por cinco gigantes industriais (Vale, Camargo Corrêa, Billiton Metais, Alcoa Alumínio e Votorantim Cimentos), vai construir uma hidrelétrica nas terras onde, provavelmente, estão escondidas as ossadas dos guerrilheiros do PCdoB. A barragem da usina vai inundar uma área de 24 mil hectares de terras às margens do rio Araguaia.
Além dos mortos, vão sofrer os vivos. Até 2013, mais de 2 mil pessoas serão retiradas compulsoriamente da região. Também ficarão submersos 113 sítios arqueológicos com 5,7 mil pinturas rupestres de até 8 mil anos de idade. Uma vez concretizada, será a maior perda de patrimônio histórico e cultural ocorrida de uma só vez no Brasil.


Em setembro do ano passado, o consórcio recebeu sinal verde do governo federal para começar a tocar o projeto de 2 bilhões de reais para a construção da usina hidrelétrica de Santa Isabel. O projeto estava bloqueado pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), desde 2002, e era um dos pontos de atrito da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva com o Palácio do Planalto. Ela era acusada por técnicos do Ministério de Minas e Energia de atrapalhar o progresso na região em nome de questões ambientais radicais, quando não ideológicas. Enquanto esteve à frente da pasta, Marina, atual senadora pelo PT do Acre, não permitiu a construção da usina. Por essa razão, em 2004, ano previsto para o início das obras, o consórcio pensou em desistir do negócio.


Bastaram seis meses desde a saída da ministra para o Ibama mudar de ideia. Em setembro de 2008, sob a batuta do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o instituto iniciou uma política de revisão dos pedidos de licenciamento ambientais e, ato contínuo, travou novos entendimentos com o Ministério de Minas e Energia. O presidente Lula assentiu. Usinas como a de Santa Isabel, assim como muitos outros projetos de geração de energia, formam a coluna vertebral do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, “filho” e menina-dos-olhos da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, preferida de Lula à sucessão presidencial, em 2010.


Em setembro passado, o Ibama entregou ao Gesai um “termo de referência para estudos complementares” com as linhas mestras para o consórcio refazer o estudo de impacto ambiental encomendado, em 2000, à empresa Engevix Engenharia, de São Paulo. O documento foi usado pelas empresas para a candidatura à concessão, conquistada via adiantamento de 160 milhões de reais pagos ao governo federal, ainda na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. No ano seguinte, contudo, o Ibama embargou a continuação do projeto por considerá-lo danoso à navegação e ao meio ambiente do rio Araguaia, até hoje livre de barragens. Com a chegada da ministra Marina Silva, em 2003, a situação não melhorou para o consórcio.


De acordo com Basileu Margarido, ex-presidente do Ibama, enquanto Marina Silva esteve à frente do Ministério do Meio Ambiente, a construção da Usina de Santa Isabel não era sequer cogitada. Segundo ele, a posição da ex-ministra era a de não licenciar a construção de hidrelétricas caso a caso, mas somente depois de a Agência Nacional de Águas (ANA) elaborar um estudo de avaliação global da situação da bacia hidrográfica dos rios Araguaia e Tocantins. “Queríamos evitar que o Araguaia ficasse cheio de barragens, como o Tocantins”. Entre usinas em funcionamento, em construção e em fase de projeto, há quinze hidrelétricas no rio Tocantins.
Quando arrematou a Usina de Santa Isabel, em 2001, o consórcio se comprometeu a pagar 61 milhões de reais por ano, pelo uso de bem público por 28 anos, a partir do sétimo ano do contrato. Como o acordo foi assinado em 2002, as empresas seriam obrigadas, a partir de janeiro de 2009, a depositar esses valores nos cofres da União, mesmo com a hidrelétrica ainda no papel. Graças ao PAC, o consórcio livrou-se de pagar essa fatura, ao menos por ora. De acordo com a nova previsão da Lei do PAC, de junho de 2007, o pagamento foi transferido para quando a usina entrar em operação comercial. Essa alteração normativa no setor elétrico, promovida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), visa, justamente, atrair investimentos privados ao setor.


De acordo com informações da assessoria de imprensa da Aneel, o Ibama decidiu reconsiderar o parecer de inviabilidade ambiental da Usina de Santa Isabel, emitido em 2002, para “equacionar os obstáculos de natureza técnica e institucional” do caso. Para tanto, teriam sido promovidos os tais “entendimentos” entre os ministérios. Isso deu ao consórcio autorização para entregar um novo estudo de impacto ambiental, desta vez orientado pelo Ibama. Em agosto de 2008, o consórcio assinou um novo contrato de execução do projeto básico, desta vez, por conta própria. A Engevix foi novamente contratada, mas somente para tocar a proposta de engenharia.


Coordenador do estudo de impacto ambiental realizado pela Engevix, o engenheiro Sérgio Capelão defende o documento de 200 páginas preparado, em 2000, sob encomenda do Gesai. Extremamente minucioso, a ponto de listar as características de cada uma das 31 cachoeiras e 47 cavernas da região a serem inundadas, o estudo da Engevix também tratou, de forma explícita, da questão da Guerrilha do Araguaia e da necessidade de, antes de se realizar a obra, “contemplar a possibilidade de identificação dos vestígios da guerrilha”. Para Capelão, o novo estudo, a ser realizado pelo Gesai, vai demonstrar que a hidrelétrica de Santa Isabel trará muitas melhorias à população da região. “O Ibama queria manter o rio Araguaia ‘virgem’, mas isso caiu por terra”, afirma.


E caiu mesmo. Um mês depois de o Ibama ter reavaliado o caso da hidrelétrica de Santa Isabel, um termo de referência semelhante foi entregue à EDP Energias do Brasil, controlada por investidores portugueses, para viabilizar a construção de outra usina, a de Couto Magalhães, na divisa dos estados de Mato Grosso e Goiás. Com os mesmos prazos e garantias da Lei do PAC, a EDP vai investir cerca de 555 milhões de reais na obra, antes também embargada pelo Ibama. Para arrematar a usina, o grupo havia se comprometido a pagar 16 milhões de reais por ano, a partir do sexto ano da concessão. Outros quatro projetos de hidrelétricas de menor porte a serem instaladas no Araguaia estão em estudo pela Aneel.


Líder do consórcio, a Vale não dá muitas declarações a respeito do tema. De acordo com a assessoria de imprensa da empresa, o primeiro estudo feito pela Engevix, em 2000, nem sequer foi analisado pelo Ibama, na época. Mas tanto o instituto como a Engevix confirmam a análise e o posterior indeferimento do documento.


Ao autorizar a obra, o governo Lula poderá repetir a façanha do açude de Cocorobó, no sertão da Bahia. Iniciado por Getúlio Vargas, em 1951, e finalizado pela ditadura, em 1967, o açude inundou o que restava de Canudos, o acampamento de seguidores do beato Antônio Conselheiro, destruído por tropas do Exército, entre 1896 e 1897. No caso de Santa Isabel, parte da zona rural dos municípios de Ananás, Araguanã e Riachinho, no Tocantins, e Palestina e Piçarra, no Pará, serão afetados. Em São Geraldo (PA) e Xambioá (TO), uma das zonas de combate da guerrilha e área de instalação de centros de tortura e morte pelo Exército, as águas vão chegar à zona urbana, e deverão cobrir ao menos duas ruas próximas à margem do rio.


Um dos entusiastas da obra no Araguaia é o senador José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, senhor absoluto do setor elétrico nacional e padrinho do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão. Em 2007, Sarney havia colocado outro ministro indicado por ele, Silas Rondeau, no lobby a favor da usina. Este contava com o apoio irrestrito do governador de Tocantins, Marcelo Miranda, também do PMDB. Em troca, Rondeau prometia investimentos do Programa Luz Para Todos. Em maio daquele ano, Rondeau foi, porém, obrigado a pedir demissão por envolvimento no esquema desmantelado pela Operação Navalha, da Polícia Federal.
A atitude revisionista do governo fez com que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) se posicionasse sobre o empreendimento. Em 3 de outubro de 2008, Rogério José Dias, gerente de Patrimônio Arqueológico e Natural do Iphan, enviou um fax a Sebastião Custódio Pires, diretor de Licenciamento Ambiental do Ibama, no qual fala sobre os prejuízos arqueológicos e históricos que fatalmente ocorrerão com o alagamento da região da usina. Dias recomenda, inclusive, a construção de um memorial às vítimas da Guerrilha do Araguaia, no caso de a construção da hidrelétrica se concretizar.


Segundo o gerente do Iphan, será necessário fazer um levantamento sistemático de arqueologia nas áreas de “vestígios materiais”, uma maneira cautelosa de se referir às ossadas dos 58 guerrilheiros desaparecidos na região. Para Rogério Dias, também será preciso ouvir as pessoas da comunidade que foram atingidas pela ação do Exército para se garantir o registro histórico da guerrilha e dar legitimidade à construção da barragem da Usina de Santa Isabel. “A população local tem de ser ouvida, em audiências públicas, para se manifestar livremente sobre o projeto”, diz Dias.


No fax enviado ao Ibama, Dias faz questão de ressaltar a situação do sítio arqueológico da Ilha dos Martírios, uma área onde estão registrados milhares de gravuras rupestres conhecidas desde o período colonial, no século XVIII. Segundo ele, o termo de referência do Ibama para estudos complementares deverá levar em conta a necessidade de se fazer um levantamento etno-histórico da cultura material dos povos indígenas ancestrais da região, além de outro levantamento semelhante, relativo às comunidades existentes nas margens do rio Araguaia.


O diretor de Licenciamento Ambiental do Ibama, Sebastião Pires, minimiza o potencial conflito político provocado pela reabertura do processo de construção da Usina de Santa Isabel. Segundo ele, o primeiro estudo de impacto ambiental, feito pela Engevix, em 2000, foi indeferido porque, justamente, não seguia diretrizes previamente estabelecidas pelo instituto. Agora, diz Pires, com base na cartilha elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente, o Gesai poderá se credenciar novamente a tocar a obra. “O Ibama não pode se recusar a analisar um novo estudo”, explica.
De acordo com Pires, após a apresentação do novo estudo de impacto ambiental, o Ibama terá um prazo de seis meses para fazer a análise do documento e, então, checar se todos os itens do termo de referência foram cumpridos. Segundo o diretor do Ibama, essas diretrizes foram estabelecidas, no caso do Araguaia, a partir de uma avaliação técnica da bacia hidrográfica na qual o rio está inserido feita sob encomenda dos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia – nada a ver com os estudos encomendados, na gestão Marina Silva, à ANA. Ele diz ter acatado todas as sugestões feitas pelo Iphan, inclusive a de contrução de um museu para guardar a memória da guerrilha.


A disposição do governo Lula em autorizar a construção da Usina de Santa Isabel no rio Araguaia jamais chegou ao conhecimento dos integrantes da Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Ministério da Justiça. Trata-se do órgão responsável pela elucidação dos crimes cometidos na guerrilha, identificação dos mortos e pagamento de indenização a sobreviventes e familiares atingidos pela ação repressiva do Exército, entre 1972 e 1974. Sebastião Pires, do Ibama, diz que só pretendia informar à Secretaria Nacional de Direitos Humanos sobre a usina “numa segunda fase”, quando os estudos ambientais estivessem concluídos. Ao saber, por CartaCapital, da existência do projeto, o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos do Ministério da Justiça, Marco Antônio Barbosa, ficou estupefato.
Prestes a realizar mais uma expedição, organizada pelo Ministério da Justiça, para tentar encontrar as ossadas dos guerrilheiros do Araguaia, Barbosa vai pedir, agora, mais informações ao governo sobre o caso. “Isso é um absurdo, é inadmissível que isso ocorra antes da localização dos corpos”, avalia. Para o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, não se pode cogitar da inundação da área da guerrilha enquanto ainda houver esperança de se localizar o paradeiro das ossadas.


Opinião semelhante tem o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, responsável pela análise dos processos de concessão de indenização a familiares e sobreviventes da guerrilha. “Se houver a inundação, haverá uma irreversível perda histórica”, diz. Segundo Abrão, o consórcio responsável pela usina deveria ser obrigado a fazer um levantamento arqueológico forense para localizar as ossadas, antes de iniciar as obras.


Ex-guerrilheiro, José Alves Pimentel, de 82 anos, conhecido como Zezinho do Araguaia, teme que a construção da usina sirva aos interesses de quem, no Exército, prefere ver o fato apagado da história do País. “Não estamos falando só de uma questão ambiental, mas da preservação de uma memória que até hoje não foi totalmente revelada”, diz. Reação parecida teve Diva Santana, familiar de dois desaparecidos, a irmã, Dinaelza Coqueiro, e o cunhado, Vandick Coqueiro. Ao tomar conhecimento da possibilidade de inundação da área da guerrilha, ficou indignada. “O governo Lula pouco fez sobre o assunto, e agora é inadmissível que se inunde a área onde os corpos ainda estão enterrados”, afirma.


Até hoje, somente uma ossada do Araguaia foi identificada, em 1996: a da guerrilheira Maria Lúcia Petit da Silva. Ela foi morta em 1972, aos 22 anos.

(*Colaborou Luana Akemi)



Maria Lúcia Petit da Silva, a única entre os guerrilheiros cujos restos mortais foram identificados





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TERREMOTO DESLOCA O EIXO DA TERRA DIZ A NASA

quarta-feira, 3 de março de 2010

Nasa diz que terremoto no Chile pode ter deslocado o eixo da Terra

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Um estudo da Nasa, a agência espacial americana, revelou que o terremoto que atingiu o Chile pode ter deslocado o eixo da Terra em oito centímetros e que a duração dos dias pode ter encurtado 1,26 microssegundo. Um microssegundo é igual a um segundo dividido por um milhão.

O terremoto que atingiu a Ásia, em 2004, produziu algo semelhante. Naquela ocasião, o eixo do planeta se deslocou sete centímetros e o dia teria ficado 6,8 microssegundos mais curto.

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