Por Gerysmar Fernandes
Quando o samba, aquele tradicional, gostoso de se ouvir e cantar foi surpreendido pelo pagode, pronto de repente, surgiram uma leva de grupos de pagodes. Eram quatro, cinco, seis, dez componentes, enfim um monte de gente tocando percussão e outros surdos mais, o pais foi tomado de súbito, cheguei a pensar que Martinho, Beth, Jorge (O Aragão) tivesse sido riscado do mapa do samba, mas o que é bom permanece. E hoje podemos nos fartar com esses nomes do samba ai no auge. Ah! E os pagodeiros que eram milhoes o que aconteceu? ...
Pois bem agora chegou a vez da musica sertaneja, aquela de raiz, tocada na viola, ou
a neo-sertanejo como muitos chamam o estilo Zeze di Camargo e Luciano, Cesar e Paulinho ou ainda Felipe e Falcão (Falcão: In-memoriam), cantada com a alma e o coração, ser posta a prova.
E novamente zilhões de novos nomes surgem a cada dia, com um novo som. Estilo arrojado que põe as patricinhas pra rebolar. Mas se bem observar 90% desses novos nomes, estão esquecendo de um fator importante no novo gênero, "A sonoridade" o romantismo, as coisas do coração esta ficando de fora, desse novo contexto, e isso não é bom.
Bem. Mas de repente, ligamos a Tv e temos a grata satisfação de assistirmos "Emoções Sertaneja". Quer momento mais fascinante do que esse? Ver Paula Fernandes e Dominguinhos - Interpretando a musica Caminhoneiro, Almir Sátter de botina e chapéu, com uma faixa pantaneira na cintura cantando O Quintal do Vizinho, sem falar de Zeze di Camargo e Luciano, Rio Negro e Solimoes, Sergio Reis e outros mais, em momentos de pura sonoridade, de pura emoção, não é porque são musica do Rei não, é porque tem sonoridade, são musicas cantada com a alma, com o coração.
Vocês podem estar se perguntando porque tanta repugnância com o sertanejo universitário? Nao é isso, é que a garotada até que se esforçam para não perder as raízes. Acontece, que os produtores dessa garotada, estão visando um momento, muita grana e só. E depois isso passa, porque musica sem sonoridade, sem o "que" de musica, não perduram e isso é fato.
Chico, Gil, Caetano, Bethania, Roberto, Erasmo, Martinho, Zeca, Dudu (o nobre), Montenegro, estão há anos na boca do povo. Na escola, onde eu pensava que nomes como Toquinho e Roberto Carlos, não eram lembrados, ledo engano, foi só tocar Aquarela e O caderno que a "mulecada de 16 anos abaixo, cantou junto". Isso sim. è sonoridade, isso sim é atravessar gerações. Quando cantamos "È preciso saber Viver" um coro de mais de quatrocentos adolescentes cantaram juntos.
Será que esse novo jeito de fazer musica sertaneja consegue atravessar gerações, como Milionario e José Rico, Durval e Davi? Claro que sim é só não banalizarem o sertanejo universitário, os produtores devem lembrar que musica toca a alma das pessoas mexe com coisas do coração e frases como "Cala a Boca e Me Beija" sem a devida sonoridade, aquela sonoridade que sai do peito do sujeito que meio sem jeito não canta, fala. Vai perdura? Como: " ... e o cuitelinho não gosta que o botão de rosa caia ai, ai" - Composição: Folclore/Paulo Vanzolini/Antonio Xandó, imortalizada por Pena Branca e Xavantinho ou "... eu vou, sem lenço e sem documento nada nos bolsos ou nas mão ...", ou ainda: Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João ... (Caetano Veloso)