Ilegal, Imoral ou Engorda
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
Vivo condenado a fazer o que não quero
Então bem comportado às vezes eu me desespero
Se faço alguma coisa sempre alguém vem me dizer
Que isso ou aquilo não se deve fazer
Restam meus botões...
Já não sei mais o que é certo
E como vou saber
O que eu devo fazer
Que culpa tenho eu
Me diga amigo meu
Será que tudo o que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda
Há muito me perdi entre mil filosofias
Virei homem calado e até desconfiado
Procuro andar direito e ter os pés no chão
Mas certas coisas sempre me chamam atenção
Cá com meus botões...
Bolas eu não sou de ferro
Paro pra pensar
Mas não posso mudar
Que culpa tenho eu
Me diga amigo meu
Será que tudo que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda
Se eu conheço alguém num encontro casual
E tudo anda bem, num bate papo informal
Uma noite quente sugere desfrutar
Do meu terraço, a vista de frente pro mar
Mas a noite é uma criança
Delícias no café da manhã
Então o que fazer
Já não quero mais saber
Se como alguma coisa
Que não devo comer
Se tudo que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda
Se tudo que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda
Será que tudo que eu gosto
É ilegal, é imoral ou engorda
....
....
....
... Ou da cana braba mesmo!!!
DETALHES - DELE E DO ERASMO
Detalhes
Roberto Carlos
Composição: Roberto e Erasmo
Roberto Carlos
Composição: Roberto e Erasmo
Não adianta nem tentar
Me esquecer
Durante muito tempo
Em sua vida
Eu vou viver...
Detalhes tão pequenos
De nós dois
São coisas muito grandes
Prá esquecer
E a toda hora vão
Estar presentes
Você vai ver...
Se um outro cabeludo
Aparecer na sua rua
E isto lhe trouxer
Saudades minhas
A culpa é sua...
O ronco barulhento
Do seu carro
A velha calça desbotada
Ou coisa assim
Imediatamente você vai
Lembrar de mim...
Eu sei que um outro
Deve estar falando
Ao seu ouvido
Palavras de amor
Como eu falei
Mas eu duvido!
Duvido que ele tenha
Tanto amor
E até os erros
Do meu português ruim
E nessa hora você vai
Lembrar de mim...
A noite envolvida
No silêncio do seu quarto
Antes de dormir você procura
O meu retrato
Mas da moldura não sou eu
Quem lhe sorri
Mas você vê o meu sorriso
Mesmo assim
E tudo isso vai fazer você
Lembrar de mim...
LUIS FERNANDO VERISSIMO
A importância relativa das coisas
O futebol dos sábados no sítio do Magalhães tinha começado como uma brincadeira, uma maneira de abrir o apetite para o almoço. As mulheres ficavam na piscina enquanto os homens jogavam num campo improvisado, que não tinha nem goleira. Três, no máximo quatro de cada lado. Na hora do almoço o jogo parava. Depois o futebol não era nem assunto entre os casais.
Com o tempo, o grupo de convidados para o almoço dos sábados começou a aumentar, e o futebol também. Magalhães ampliou o gramado e colocou goleiras. Os times se repetiam e aos poucos foram adquirindo uma identidade. Não demorou muito, tinham uniforme, flâmula e até bandeira. Mesmo assim a Marta só descobriu como a coisa ficara séria quando tentou interromper uma partida porque estava atrasando o almoço e foi corrida do campo pelo marido, o Sales. Pediu o divórcio na semana seguinte, embora o Sales negasse que estivesse tentando acertá-la com um pontapé, irritado com a intromissão, já que seu time estava perdendo.
Depois foi a vez da Silvinha, que no meio de um almoço de sábado fez protesto. O futebol estava acabando com a vida social dela e do Aderbal. Na sexta, o Aderbal não queria fazer nada, dormia cedo para estar em forma para o jogo da manhã seguinte. E no sábado, depois do jogo, não tinha condições de se mexer, o que dirá fazer alguma coisa. Eles não iam mais a teatro, não iam mais a cinema, não saíam mais para jantar. Várias das outras mulheres concordaram com a Silvinha. Os homens ficaram mudos. E os do time do Aderbal olharam para ele com orgulho. Ali estava alguém com uma noção correta da importância relativa das coisas na vida de um homem. No sábado seguinte, o Aderbal apareceu sem a Silvinha.
O terceiro problema foi com a própria mulher do Magalhães. Num certo sábado, ela viu um bando de meninos seminus atravessar o gramado correndo e pular na piscina onde - não que ela fosse racista, mas francamente! - nunca entrara alguém com pele escura a não ser pela ação do bronzeador. Uma invasão! Ela já ia chamar a polícia quando o Magalhães explicou que eram os filhos do Gedeão, segurança da firma, que ele convocara para reforçar a defesa do seu time. Ela que se acostumasse, o Gedeão e os filhos estariam almoçando lá todos os sábados. Precisava do Gedeão para o meio da zaga. A mulher do Magalhães também pediu divórcio.
* * *
Hoje são quatro times de sete jogadores que disputam intermináveis torneios e copas por qualquer pretexto - a atual é a Copa Patrícia Pillar - e muitas vezes esquecem de almoçar. Numa espécie de galpão ao lado da piscina, Magalhães instalou o que se chama de “a Federação”, a sede da “Liga dos Sábados”, e é ali que estão dois painéis, um o dos “Campeões”, com fotografias dos times vencedores dos diversos torneios, e outro o das “Caídas”, com fotos das mulheres que não agüentaram. São 12. A décima segunda foto, recém-inaugurada, é da Laurita, mulher do Marco Antônio, meia-armador do time do Sales. A Laurita agüentou o que pôde mas pediu o divórcio depois que encontrou o Marco Antônio fazendo uma preleção tática para o seu time na sala do apartamento, e usando suas miniaturas de porcelana para explicar as jogadas.
O futebol dos sábados no sítio do Magalhães tinha começado como uma brincadeira, uma maneira de abrir o apetite para o almoço. As mulheres ficavam na piscina enquanto os homens jogavam num campo improvisado, que não tinha nem goleira. Três, no máximo quatro de cada lado. Na hora do almoço o jogo parava. Depois o futebol não era nem assunto entre os casais.
Com o tempo, o grupo de convidados para o almoço dos sábados começou a aumentar, e o futebol também. Magalhães ampliou o gramado e colocou goleiras. Os times se repetiam e aos poucos foram adquirindo uma identidade. Não demorou muito, tinham uniforme, flâmula e até bandeira. Mesmo assim a Marta só descobriu como a coisa ficara séria quando tentou interromper uma partida porque estava atrasando o almoço e foi corrida do campo pelo marido, o Sales. Pediu o divórcio na semana seguinte, embora o Sales negasse que estivesse tentando acertá-la com um pontapé, irritado com a intromissão, já que seu time estava perdendo.
Depois foi a vez da Silvinha, que no meio de um almoço de sábado fez protesto. O futebol estava acabando com a vida social dela e do Aderbal. Na sexta, o Aderbal não queria fazer nada, dormia cedo para estar em forma para o jogo da manhã seguinte. E no sábado, depois do jogo, não tinha condições de se mexer, o que dirá fazer alguma coisa. Eles não iam mais a teatro, não iam mais a cinema, não saíam mais para jantar. Várias das outras mulheres concordaram com a Silvinha. Os homens ficaram mudos. E os do time do Aderbal olharam para ele com orgulho. Ali estava alguém com uma noção correta da importância relativa das coisas na vida de um homem. No sábado seguinte, o Aderbal apareceu sem a Silvinha.
O terceiro problema foi com a própria mulher do Magalhães. Num certo sábado, ela viu um bando de meninos seminus atravessar o gramado correndo e pular na piscina onde - não que ela fosse racista, mas francamente! - nunca entrara alguém com pele escura a não ser pela ação do bronzeador. Uma invasão! Ela já ia chamar a polícia quando o Magalhães explicou que eram os filhos do Gedeão, segurança da firma, que ele convocara para reforçar a defesa do seu time. Ela que se acostumasse, o Gedeão e os filhos estariam almoçando lá todos os sábados. Precisava do Gedeão para o meio da zaga. A mulher do Magalhães também pediu divórcio.
* * *
Hoje são quatro times de sete jogadores que disputam intermináveis torneios e copas por qualquer pretexto - a atual é a Copa Patrícia Pillar - e muitas vezes esquecem de almoçar. Numa espécie de galpão ao lado da piscina, Magalhães instalou o que se chama de “a Federação”, a sede da “Liga dos Sábados”, e é ali que estão dois painéis, um o dos “Campeões”, com fotografias dos times vencedores dos diversos torneios, e outro o das “Caídas”, com fotos das mulheres que não agüentaram. São 12. A décima segunda foto, recém-inaugurada, é da Laurita, mulher do Marco Antônio, meia-armador do time do Sales. A Laurita agüentou o que pôde mas pediu o divórcio depois que encontrou o Marco Antônio fazendo uma preleção tática para o seu time na sala do apartamento, e usando suas miniaturas de porcelana para explicar as jogadas.
Há um terceiro painel, intitulado “Frouxos”, já que “Traidores” foi considerado forte demais. Neles estão as fotos do Olimar e do Galvão, que cederam à pressão e abandonaram seus times! O Galvão ainda com o agravante de ter comunicado sua decisão de parar na véspera da decisão da Copa Trigêmeas da Playboy.
ARTIGOS DE PEDRO BIAL

Bom, Ruim, Assim Assim
Pedro Bial
Composição: Pedro Bial
Pedro Bial
Composição: Pedro Bial
Quer saber de uma coisa?
Tudo pode ser bom, ruim e principalmenteassim assim
Tudo ao mesmo tempo ou não, e não necessariamente nessa ordem
Bom é chegar na praia à tardinha, anuncio de por de Sol, a águade ondas mansinhas
Jogar bola na espuma e sob o céu encaixa como se fora Tafaréu.
É bom também quando começa a chover
E as gotas fazem cócegas na superfície do mar
Como se um cardume infinito prometesse matar a fome
De todo o Vidigal, Rocinha, Cidade de Deus e Vigário Geral.
Ruim é lembrar daquele amigo que de prancha na mão
Morreu de um beijo roubado de um raio, da lembrança a correria,
O medo... o medo... medo é bom, ruim é o medo de ter medo!
Bom voltar trocar chuva por chopp e passar atrás da pelada
A bola vai pra fora e como na crônica de Rubem Braga sobra pravocê
Que mata no peito faz embaixadinha e devolve redondo... numchute perfeito
Ruim é a fisgada na coxa sair mancando disfarçadamente...
A vergonha de ta decadente não é ruim, ruim é o orgulho que senega a reconhecer a decadência.
É bom a cidade estranha em que você nunca esteve e sabe quenunca mais vai voltar
E nesse lugar você tem uma obrigação sem graça que cumpre comestilo e precisão
Traçando um dia perfeito no arco do tempo
Quando cai a noite é bom tomar um banho e sob o chuveiro é bomsentir saudade,
Ruim é não ter saudade, e como é bom sair sem direção pelas ruasda cidade
Pensando no que você fez da sua vida e no que a vida fez em você
Bom é sonhar, realizar não é tão bom, mas ruim mesmo é nãorealizar
O fim de um grande amor é muito, muito ruim, um grande amor nãotem fim!
Bom é amar, ruim é amar... Bom é encarar a vida com fantasia.
Quando um poeta desaparece é bom colocar chapéu de Bogar que tudo pode solucionar...
Ruim é encontrar o precipício, morrer não deve ser tão ruimassim...
E pode ser bom falar sobre bom e ruim, e pode ser pior assimassim ... bom!
By Mamma !
LUIS FERNANDO VERISSIMO
quinta-feira, 12 de março de 2009
Os centroavantes
Eles são difíceis, os centroavantes. Reúnem-se em lugares certos, em várias partes do mundo, mas não se olham nos olhos. Trocam lamúrias e reminiscências, como em qualquer confraria de especialistas, mas é como se estivessem sozinhos. De vez em quando levantam a cabeça e olham e volta, à procura de um possível empresário ou de um fã antigo. Mas não se encaram. Sabem que a qualquer momento terão que trair o companheiro ao lado. Se lhes perguntarem: “Conhece um bom centroavante?”, terão que responder:
- Só conheço eu mesmo.
E se insistirem, “Me disseram que o Fulano ainda joga...” responderão:
- Não joga, bebe muito e arrasta uma perna. De centroavante só conheço eu mesmo.
Eles são sombrios e tristes, os centroavantes.
Você os encontrará em velhas tascas do Bairro Gótico em Barcelona depois de se acostumar com a escuridão. Em algumas esquinas de Milão, encolhidos do frio dentro das suas japonas. Em Chacarita. Na Cinelândia. Em Marselha, no restaurante de peixe do velho Renard, um centroavante que desistiu antes dos 36 porque perdeu um joelho.
- E o seu joelho, Renard?
O velho corso toma um gole de “blanc”.
- Ainda está rolando por um campo da Catalunha.
- Como é que foi, Renard?
- Um beque sem mãe.
- E onde está o beque, Renard?
- Junto da sua mãe.
Você os conhece de longe.
Centroavantes, toureadores velhos e mercenários, você os conhece de longe. São sobreviventes de profissão. Estiveram com a morte e voltaram, e têm as cicatrizes para provar. Restam poucos centroavantes no mundo. O jeito desconfiado, os gestos tensos, o cigarro nos dedos nervosos, os olhos cansados, você os conhece.
Os centroavantes só falam nos companheiros mortos ou nos que pararam, os outros são concorrentes. Centroavante bom e vivo só conheço eu mesmo. Eles fumam muito, os centroavantes. Mas cuidam para não tossir na frente do empresário.
- Com quantos anos você está?
- Vinte e sete.
- Você quer dizer trinta e sete.
- A bola não sabe a diferença.
Nos treinos tratam de brigar logo com o treinador, chutar a bola longe e sair de campo, senão não agüentariam. Eles sabem que o treinador os irá procurar depois no quarto do hotel e pedir perdão. São raros, os centroavantes.
- Você me insultou.
- Só disse que você estava muito parado.
- Meu pé conhece mais futebol do que você inteiro.- Está certo. Volte para o treino.
- Eu não treino. Eu jogo.
- Está certo.
São difíceis, os centroavantes.
Quando se reúnem, falam dos que morreram ou dos que pararam. Sem se olharem nos olhos.
Falam de Carrara, o Italiano Louco, que uma vez comeu um bandeirinha vivo e foi retirado de campo por um batalhão de carabinieri, ainda mastigando o pano da bandeira e ofendendo a arquibancada. Nenhum bandeirinha jamais viu Carrara em impedimento, depois disso.Falam de Bahal, o Turco de olhos vermelhos, o peito de um touro e um dedão de 10 centímetros em cada pé. Bahal, morto com uma adaga na nuca dentro da pequena área, na cobrança de um córner. Antes de morrer - mas isto já é lenda - teria feito o gol com uma lufada de sangue.
Falam de Lúcio, o Poeta, um brasileiro esguio com pomada no cabelo, outra história trágica. Lúcio tinha um chute mortal. Um dia errou a goleira, a bola subiu, venceu a cerca, venceu a arquibancada de São Januário, caiu na rua, acertou a cabeça de uma moça dentro de um Lincoln conversível - a cantora Rosa de Rose, o Rouxinol Louro - e a matou. Rosa era noiva de Lúcio, o caso emocionou o Brasil. Esperava o fim da partida para levá-lo ao Cassino da Urca. Lúcio enlouqueceu. Nunca mais jogou futebol. Hoje é funcionário do Maracanã e de vez em quando se distrai. Em vez do grande círculo, desenha com cal no gramado o nome de Rosa de Rose.
Falam de Tamul, a Gazela Africana, rápido como o raio, que jogava descalço e mordia a trave sempre que perdia um gol. Tamul tinha os dentes esculpidos. Um era o Taj Mahal. O outro, a Torre Eiffel. Um torto, bem na frente, era a Torre de Pisa. Outro, o Obelisco da Place Vendôme. O Arco de Constantino.
Falam de McMoody, o anão escocês, que batia pênalti de cabeça e tinha placas de aço em vez de canelas.
Falam do argentino Lombroso, que chutou a cabeça do goleiro para dentro do gol. Não teria sido nada se ele não tivesse saído comemorando.
Falam de goleiros com desdém e de beques centrais só antes de cuspir. Os centroavantes tendem a engordar e a emagrecer como os outros respiram. E têm pesadelos. Sonham que a grande área é um pântano, que não conseguem pular, que a bola é de ferro e que o tempo passa.São raros, os centroavantes.
O RONALDO E SEUS JOELHOS!!
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LUIS FERNANDO VERISSIMO
Sexo e futebol
No que se parecem: o sexo e o futebol?
No futebol, como no sexo, as pessoas suam ao mesmo tempo, avançam e recuam, quase sempre vão pelo meio, mas também caem para um lado ou para o outro, e às vezes há um deslocamento. Nos dois é importantíssimo ter jogo de cintura.
No sexo, como no futebol, muitas vezes acontece um cotovelaço no olho sem querer, ou um desentendimento que acaba em expulsão. Aí um vai para o chuveiro mais cedo.
Dizem que a única diferença entre uma festa de amasso e a cobrança de um escanteio é que na grande área não tem música, porque o agarramento é o mesmo, e no escanteio também tem gente que fica quase sem roupa.
Também dizem que uma das diferenças entre o futebol e o sexo é a diferença entre camiseta e camisinha. Mas a camisinha, como a camiseta, não distingue, ela tanto pode vestir um craque como um medíocre.
No sexo, como no futebol, você amacia no peito, bota no chão, cadencia, e tem que ter uma explicação pronta na saída para o caso de não dar certo.
No futebol, como no sexo, tem gente que se benze antes de entrar e sempre sai ofegante.
No sexo, como no futebol, tem o feijão com arroz, mas também tem o requintado, a firula e o lance de efeito. E, claro o lençol.
No sexo também tem gente que vai direto no calcanhar.E tanto no sexo quanto no futebol o som que mais se ouve é aquele “uuu”.No fim sexo e futebol só são diferentes, mesmo, em duas coisas. No futebol não pode usar as mãos. E o sexo, graças a Deus, não é organizado pela CBF.
Com Ronaldo não tem disso não deu mole ele leva até o diretor de futebol para uma balada em Presidente Prudente.
ARTIGOS DE PEDRO BIAL

Pedro Bial
Composição: Pedro Bial
Escreva a sua história na areia da praia,
Para que as ondas a levem através dos 7 mares;
Ate tornar-se lenda na boca de estrelas cadentes.
Conte a sua história ao vento,
Cante aos mares para os muitos marujos;
Cujos olhos são faróis sujos e sem brilho.
Escreva no asfalto com sangue,
Grite bem alto a sua história antes que ela seja varrida na
Manha seguinte pelos garis.
Abra o peito em direção dos canhões,
Suba nos tanques de Pequim,
Derrube os muros de Berlim,
Destrua as cátedras de Paris.
Defenda a sua palavra,
A vida nao vale nada se você nao tem uma boa história pra contar.

Estatuto do homem
Pedro Bial
Composição: Thiago de Mello
Pedro Bial
Composição: Thiago de Mello
Artigo 1
Fica decretado que agora vale a verdade, agora vale a vida e de mãos dadas archaremos todos pela vida verdadeira;~
Artigo 2
Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as erças-feiras mais cinzentas, tem direito a converter-se em manhãs de domingo;
Artigo 3
Fica decretado que a partir deste instante, haverá girassóisem todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra e que as janelas devem permanecer o dia inteiro abertas para o verde onde cresce a esperança;
Artigo 4
Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem, que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu; parágrafo único, o homem confiará no homem como um menino confia em outro menino;
Artigo 5
Fica decretado que os homens estão livres do julgo da mentira, nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem armadura de palavras, o homem se sentará a mesa com seu olhar limpo porque a verdade passará a ser servida antes da sobremesa;
Artigo 6
Fica estabelecida durante dez séculos a pratica sonhada por Isaías que o lobo e o cordeiro pastarão juntos e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora;
Artigo 7
Decreta e revogada, fica estabelecido o reinado permanente da justiça e da claridade, e a alegria será uma bandeira generosa para sempre desfraudada da alma do povo;
Artigo 8
Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre não poder dar-se amor a quem se ama e saber que é a água que dá a planta o milagre da flor;
Artigo 9
Fica permitido que o pão de cada dia que é do homem o sinalde seu suor, mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura;
Artigo 10
Fica permitido a qualquer pessoa, qualquer hora da vida ourro do trai branco;
Artigo 11
Fica decretado por definição que o homem é o animal que ama, e que por isso é belo, muito mais belo que a estrela da manhã;
Artigo 12
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido, tudo será permitido, inclusive brincar com os rinocerontes e caminhar pelas tardes com imensa begonia na lapéla;parágrafo único, só uma coisa fica proibida, amar sem amor;
Artigo 13
Fica decretado que o dinheiro não poderá nunca mais comprar um sol das manhãs de todas, expulso do grande baú do medo, o dinheiro se transformará em uma espada fraternal para defender o direito de tentar e a festa do dia que chegou;
Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será subrimida dos dicionários e do pantano enganoso da dor, a partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem.
ARTIGOS DE PEDRO BIAL
quarta-feira, 11 de março de 2009
Quem nao leu os artigos de Pedro Bial, esta perdendo muito, são sacadas inteligentes, emocionantes e até sarcasticas por vez.
Então resolvi postar alguns de seus artigos. E quero começar com algo do livro Pedro Bial- Cronicas como:
Orelhas do Livro
Em agosto de 1988, Pedro Bial desembarcava em Londres, para assumir o posto de correspondente da TV Globo, naquela cidade.
Em agosto de 1988, Pedro Bial desembarcava em Londres, para assumir o posto de correspondente da TV Globo, naquela cidade.
Sortilégios da sorte, artimanhas do destino, ele seria, a partir de então, testemunha privilegiada das grandes mudanças que abalariam o mundo neste final de século.
Foram oito anos de viagens. Oito anos de, muitas vezes, estar no olho do furacão. Oito anos de estreitar as distâncias que separavam o Brasil do mundo.
Crônicas de Repórter traz os bastidores destas grandes reportagens. Longe do olho impiedoso da câmera, dos segundos cronometrados, do corta incisivo, Bial conta agora detalhes do que não foi ao ar.
O olhar arguto do repórter mostra aqui a adrenalina que corre, a boca seca, a ansiedade de estar no lugar certo, na hora exata. O olhar sensível do poeta revela aqui frestas de poesia que o pragmatismo do telejornal, muitas vezes, deixou escapar. O olhar investigador do jornalista reparte com o leitor curiosas estranhezas de cada povo, que nenhuma globalização será capaz de destruir.
Crônicas de Repórter é uma instigante viagem pelos quatro cantos do mundo. No texto envolvente de Bial, você testemunhará a revolução romena de 89. Você se refugiará num tanque em meio a tiros e explosões que estremeceram o Parlamento russo em 93.
Você descobrirá, por trás da bela Teerã, um sistema brutal, capaz de punir uma mulher por trazer as unhas pintadas. Você conhecerá, enfim, a lâmina afiada que ronda o dia-a-dia de quem
arrisca tudo pelo prazer de contar.
Crônicas de Repórter — textos sensíveis, irônicos, emocionados, divertidos... Histórias, que se vão juntando num sedutor painel desta nossa aldeia global.
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